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O mundo além das telas: combinados, o melhor negócio!


Nas últimas semanas meu filho apresentou dores de cabeça e, eu, ansiosa confessa, fiz uma série de relações. Meu pequeno de oito anos tem dois problemas de saúde que requerem acompanhamento, um tipo de arritmia e, ainda, um problema imunológico. Qualquer sinal diferente, bem sabem os pais que convivem com quaisquer problemas na vida de sua principal razão de viver, o sinal de alerta aparece e é bem difícil sossegar o coração.

Tudo aquilo que falei para vocês não fazerem em textos passados, fui lá e fiz. Entre uma pesquisa aqui e outra ali no Google lá estava eu, entre as consultas, preocupada com os sintomas que não se pode ignorar, com eventuais desdobramentos e até vendo sinais que, na verdade, não existiam. 

Felizmente, ao que tudo indica, não foi nada demais. Apenas uma possível reação de um dos tratamentos que ele faz. Mas, apesar do excesso de zelo, talvez, senti ser o momento de não desprezar os riscos do uso excessivo de celular e computador. Ao pensar sobre, apesar da conhecida culpa materna eu já estabelecia regras e não estávamos nem perto do uso ou exposição excessiva. Mas, sim, precisávamos de limites! 

Dado o perfil do meu filho que prefere uma colônia de férias regada a games, o que há por trás deles, edição de vídeos e todo mais, achei que valia à pena dar uma aperfeiçoada nas regras. E, pensando que alguns pais leitores podem vivenciar cenário igual ou ao menos parecido, achei que seria legal socializar. 

1. Sobrevivência além das telas. Filho de Analista de Sistemas e Comunicadora, um casal que trabalha com tecnologia, aliás, já era de se esperar que seu gosto, curiosidades passassem significativamente por aí. Sem qualquer embasamento, para falar bem a verdade, o que eu procurava fazer era tentar fazer com que as telas não fossem válvulas de escape para uma situação. O que eu quero dizer é que, fundamentalmente, elas não eram oferecidas para nos substituir. Contudo, sempre me incomodou o julgamento de pais para com outros pais quando por exemplo um ou outro carecia de um vídeo no YouTube para garantir o almoço. Não estou falando que é certo, mas estou dizendo que não vale apontar o dedo. Ninguém tem o direito de opinar sobre um contexto que desconhece razão, circunstâncias, crenças. Penso que precisamos de empatia. Uma coisa que parece legal nesse sentido ou que pode representar apoio é que descobri que as mães Rafaela Carvalho e Roberta Ferec têm uma espécie de compêndio de pesquisas e observações sobre esta temática. Em "Tela com cautela: um guia prático para criar filhos na era digital (sem perder a sanidade)", as estudiosas do assunto trazem uma abordagem de como encarar essas dificuldades do dia a dia com muita criatividade, planejamento e jogo de cintura. Acho que as palavras são justamente essas. 

2. Combinados. Eu não sei vocês mas, para mim, nada funciona melhor que fazer combinados. Estabelecer limites e regras para crianças e adolescentes é um enorme desafio a ser enfrentado ao longo do desenvolvimento de cada um deles, eu sei! Mas eu uso combinados praticamente sempre e vem funcionando bem. Nesse caso das telas, especificamente, é um desafio vigente. E como! Mas tem uma coisa que senti que deu certo. Quando se estabelece e se aplica a regra, em tese não se tem motivos para explicar novamente para nossos filhos como ela funciona e por que ela está sendo aplicada. Se pararmos para pensar, a repetição ocorre justamente quando nós mesmos não cumprimos a nossa parte do combinado, cedendo aqui e ali. Uma das maneiras de estabelecer limites para crianças, e até adolescentes, é permitir que eles compreendam o seu próprio comportamento inadequado e se vistoriem para cumprir as regras e não falhar em obedecê-las. No caso, como o meu filho está fazendo cursos de férias que invariavelmente implicam em telas, combinei com ele que em casa o uso seria restrito ou nulo já que a "cota" já estava preenchida cheia de diversão e aprendizado. Expliquei que exagerar poderia deixar os olhos cansados e até fazer a dor de cabeça voltar. Quando percebi, ele mesmo estava desligando a televisão e falando que não era hora. O mais legal é que ele começou, com isso, a nos monitorar. E, com o monitoramento dele, em plena segunda-feira, por exemplo, quando em tese meu esposo e eu seguíamos no período noturno atendendo demandas de trabalho numa das telas, lá estávamos nós jogando e fazendo desafios, sem qualquer tela ou dispositivo e, principalmente, unidos, nos conectando a partir do brilho dos olhos. 

3. Justificativa e relação com o aprendizado e novas experiências. Não excluí e jamais excluiria os dispositivos móveis e todo mais envolto da nossa vida, principalmente por tudo que acredito quando o assunto são Tecnologias Educacionais em Rede, por exemplo. Mas, como se diz desde sempre: cada coisa a sua hora. O que quero dizer é que além de controlarmos o tempo de jogos, por exemplo, estamos tentando conectar com sentido e significado. Parece que o Minecraft é o mais popular entre a gurizada. E, com certeza como muitas mães, eu tinha um pé (ou dois) atrás. Mas, tem algumas características que estão trazendo o tal sentido e significado: 

  • O Minecraft não tem fim. É um jogo formado por blocos que podem ser conectados para a criação das mais variadas estruturas, objetos e muitos outros. Isso ajuda na criatividade e na solução de problemas já que se contempla uma infinidade de possibilidades aos jogadores. 
  • As crianças estarão seguras no jogo. Os pais podem liberar a interação apenas com aqueles usuários conhecidos e assim deixar a experiência do jogo mais segura para seus filhos. 
  • Para todos. Está disponível para várias plataformas (computadores, videogames e celulares). Oferece diversão para crianças de várias idades, sendo menina ou menino. É barato e não oferece dificuldades ao seu usuário. 
  • Estímulo ao trabalho em equipe. Ao entrar no modo multiplayer, os jogadores entram em contato com os mais variados problemas. Seja de lógica, organização, modo de construção etc. 
  • Multidisciplinar. Quando fui atrás, achei conexões em Matemática, Artes, Ciências, Lógica, História, Programação, Design, Geometria, Arquitetura.

Ao que parece, o segredo é acompanhar. E vez ou outra, eu sei, a vontade é de entregar os pontos. Mas, como disse Cortella, não podemos desistir do esforço necessário para formar alguém. Vale a leitura desse link da Revista Crescer. Eu, no entanto, que já li, vou desligar o computador, sair de perto da "minha tela" e ficar com o meu guri. Até a próxima!

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